
A recente fuga da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para o exterior, após sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF), expõe com nitidez que parte da extrema direita brasileira só reconhece as instituições democráticas quando elas favorecem seus próprios interesses. Quando o Judiciário age dentro da legalidade, mas com rigor, passa a ser tratado como um inimigo a ser combatido.
Mas acontece que, mesmo foragida, a deputada bolsonarista seguiu ativa nas redes sociais, apresentando-se como vítima de perseguição e pedindo doações via PIX. Uma estratégia recorrente entre figuras que, após exaustivas campanhas de desinformação, recorrem a seus seguidores mais fiéis para sustentar financeiramente seu discurso de martírio. O fato de sua localização ter sido revelada por um youtuber, e não por um órgão oficial, apenas reforça o grau de exposição pública e a teatralização em torno de sua fuga.
Zambelli não é exceção. Ela simboliza uma forma de fazer política sustentada na radicalização, no desprezo pelas instituições e na inversão moral, em que quem comete o crime se apresenta como vítima e quem aplica a lei é acusado de perseguição.
O Estado Democrático de Direito, no entanto, não pode se curvar diante de narrativas distorcidas. A fuga de Carla Zambelli precisa ser tratada com a seriedade que merece. É dever das instituições garantir que ninguém esteja acima da lei — ainda que se esconda atrás de um mandato parlamentar ou de um perfil nas redes sociais.