
O chamado fluxo da cracolândia, local onde por décadas ocorreu a venda e o consumo de drogas, no centro de São Paulo, tem ficado completamente vazio desde o início desta semana.
Nos últimos anos, os dependentes químicos estavam concentrados na Rua dos Protestantes. Mas o que ocorreu e para onde eles migraram?
O esvaziamento do local surpreendeu não apenas moradores da região e comerciantes, mas a própria gestão municipal, que também não tem respostas claras.
Enquanto a reportagem percorreu a região alguns pequenos grupos de usuários direcionavam-se à Rua dos Protestantes. Vendo a rua completamente vazia, iam embora sem entender. Equipes de atendimento social da Prefeitura de São Paulo também foram vistas na região.
Quais as hipóteses?
Entre os fatores que contribuíram para o esvaziamento da Cracolândia, na visão do prefeito, estão as ações do governo do Estado e da Prefeitura para enfraquecer o tráfico de drogas na Favela do Moínho, comunidade próxima dali que a gestão estadual quer transformar em parque.
Os agentes que acompanham o dia a dia da região também relatam o esvaziamento nos últimos dias. “O número já vinha diminuindo bastante. Ficam os grupos pequenos, de 15 a 30 pessoas, mas nenhum grupo grupo de 100, 200 pessoas”, afirma um integrante da GCM.
Alguns frequentadores e comerciantes levantaram a hipótese de ser uma ordem do Primeiro Comando da Capital-PCC, facção que comanda o tráfico por ali, mas por enquanto não há confirmação oficial disso.
Entidades e ONGs que atuam na região apontam que a política de dispersão dos usuários de drogas se tornou mais violenta nos últimos meses.
“A partir do momento que sufocaram as estratégias de sobrevivência e aumentaram o nível de violência, eles (poder municipal) conseguiram fazer com que as pessoas deixassem a região”, afirma Giordano Magri, pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole. “A questão agora é onde esse espalhamento vai reverberar”, complementa.
