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22 de Abril: o “descobrimento” que apagou quem já estava aqui

Durante décadas, o Brasil foi ensinado a celebrar o 22 de abril como o dia do “Descobrimento” do país, uma data marcada pela chegada dos portugueses comandados por Pedro Álvares Cabral em 1500. Mas será que é correto falar em “descobrimento”? Ou seria essa uma das primeiras fake news da nossa história?

A chamada descoberta, na verdade, trata-se da chegada dos europeus a um território que já era lar de milhões de indígenas, com culturas, línguas, crenças e modos de vida próprios, desenvolvidos há milênios. Os livros didáticos por muito tempo ignoraram essa realidade, apresentando o Brasil como um “mundo novo” revelado ao Ocidente. Uma narrativa que privilegia a visão colonial e apaga a existência dos povos originários.

A viagem de Cabral

A expedição portuguesa, formada por 13 embarcações, partiu de Lisboa em 9 de março de 1500 com destino às Índias. Ao desviar a rota para oeste, a frota avistou terras desconhecidas — o que hoje é o sul da Bahia — no dia 22 de abril. Poucos dias depois, foi feito o primeiro contato com os indígenas.

A chamada descoberta, na verdade, trata-se da chegada dos europeus a um território que já era lar de milhões de indígenas, com culturas, línguas, crenças e modos de vida próprios, desenvolvidos há milênios.

Pero Vaz de Caminha, escrivão da expedição, registrou suas impressões na famosa carta que muitos ainda chamam de “certidão de nascimento do Brasil”. No entanto, o documento já carrega o olhar estrangeiro que enxergava os indígenas como seres exóticos e que, em breve, seriam alvo da exploração colonial.

Recontar a história é combater a desinformação

Hoje, historiadores e movimentos sociais preferem falar em “chegada dos portugueses” ou “início da colonização”, reconhecendo que não há o que ser descoberto em terras já ocupadas. A permanência da palavra “descobrimento” reforça uma ideia ultrapassada, eurocêntrica e injusta com os povos originários.

Apesar da importância histórica da data, o 22 de abril vem sendo cada vez mais esquecido no calendário nacional. Sem feriado, sem comemorações oficiais, e com pouca presença nos debates públicos, a data reflete um Brasil que ainda evita encarar suas feridas coloniais.

Esquecer esse marco pode ser confortável, mas é perigoso. Ignorar os impactos da colonização, a violência contra os indígenas e a exclusão das suas vozes na formação do país é repetir os erros do passado.

Relembrar o 22 de abril não é celebrar — é refletir. E contar a história inteira é um passo essencial para combater a desinformação que, há mais de 500 anos, tenta definir quem somos.

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